O Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, deverá este ano estabelecer um número limite de visitantes por dia, no sentido da sua salvaguarda, disse à Lusa o director do IGESPAR, Elísio Summavielle, este sábado, quando se assinala o Dia internacional dos Monumentos e Sítios, sob o mote «Património e Ciência».
O director do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) explicou que «a sobrecarga excessiva de visitantes pode condicionar a conservação do monumento» e, nesse sentido, «estão a ser estudados critérios que limitarão o número de visitantes». A medida não é inédita e tem sido posta em prática noutro países europeus, designadamente em Espanha no Alhambra, em Granada, e nas Grutas do Altamira (arredores de Santander), ou em França, nas grutas de Lascaux (na Dordogne). Elísio Summavielle disse que os meses de Verão são os de maior afluência e que «se deve acautelar o monumento».
Recorde-se que o Mosteiro dos Jerónimos ultrapassou o ano passado o milhão de visitantes, número que não é partilhado pela vizinha Torre de Belém, apesar de o bilhete ser conjunto.
«Na Torre há outros condicionalismos e mesmo assim vê-se por vezes filas à entrada», disse o responsável. Uma situação que pretende ultrapassar, «estando em estudo um projecto para melhorar as condições de acesso do visitantes, incluindo instalações sanitárias e até uma loja», adiantou.
O Mosteiro dos Jerónimos, na zona de Belém, foi mandado construir por D. Manuel I e é, desde Julho de 2007, Património da Humanidade. O Mosteiro constitui um núcleo monumental com a Torre de Belém e a Ermida de S. Jerónimo.
Fonte:diario.iol.pt/sociedade/mosteiro-jeronimos-lisboa-monumentos-patrimonio-tvi24/1057861-4071.html
Elas fizeram greves de braços caídos.
Elas brigaram em casa para ir ao Sindicato e à Junta.
Elas gritaram à vizinha que era fascista...
Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas.
Elas vieram para a rua de encarnado.
Elas foram pedir para ali uma estrada e canos de água.
Elas gritaram muito!
Elas encheram as ruas de cravos!
Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes.
Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua.
Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo.
Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas.
Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra.
Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho.
Elas tiveram medo e foram e não foram.
Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas.
Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro
uma cruzinha laboriosa.
Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões.
Elas levantaram um braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos!
Elas disseram à mãe; segure-me aqui os cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é.
Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada.
Elas estenderam roupa a cantar; com as armas que temos na mão!
Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens.
Elas iam e não sabiam para onde, mas iam.
Elas acendem o lume.
Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado.
São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.
Maria Velho da Costa
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